ATA DA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 21.03.1989.

 


Aos vinte e um dias do mês de março do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Quinta Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Artur Zanella, Clóvis Brum, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino Besson, Flávio Koutzii, Gert Schinke, Giovani Gregol, Heriberto Back, Isaac Ainhorn, João Dib, João Motta, José Alvarenga, José Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano José, Nelson Castan, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos e Wilton Araújo. Constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Quarta Sessão Ordinária e da Ata da Primeira Sessão Extraordinária, as quais foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Clóvis Brum, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 19/89 (Proc. 841/89), que altera a Lei nº 6091, de 14 de janeiro de 1988, dando nova redação e incluindo artigo; pelo Ver. Cyro Martini, 01 Pedido de Providências, solicitando providências do Órgão Executivo com referência à caixa-d’água que se encontra em flagrante processo de deterioração na Vila Boa Vista; 02 Pedidos de Informações, solicitando informações acerca da continuidade das obras referentes à Casa da Criança na Rua A nº 18, na Vila Santa Rosa; sobre o retorno da ambulância CAZ-Norte da Vila Santa Rosa; 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 11/89 (Proc. 746/89), o qual dispõe sobre a colocação de ondulações transversais às vias públicas diante dos estabelecimentos de ensino e assemelhados; pela Verª Letícia Arruda, 01 Pedido de Informações, solicitando diversas informações sobre a verba recolhida dos funcionários para o Montepio dos Funcionários Municipais; e pelo Ver. Wilson Santos, 01 Pedido de Providências, solicitando rigorosa investigação a fim de identificar a origem da notória poluição do ar na área da bifurcação da Av. Assis Brasil com a Av. Baltazar de Oliveira Garcia, estendendo-se pelo Parque São Sebastião, Parque Minuano, e Vilas Sarandi, Leão, Elizabeth e proximidades. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 01/89, da Comissão de Inquérito constituída para examinar Requerimento 39/89 – Proc. 761/89; 86/89, da Casa Civil e sem nº, da Associação Riograndense de Imprensa. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Mano José contraditou declarações do Delegado de Polícia Wilson Müller, veiculadas em diário desta capital, especialmente no que se refere à elucidação de casos: “crime sem autor”. Relacionou declaração do Ver. José Valdir, em outra sessão, “nada melhor que um dia após o outro”, com a possível decisão de greve dos funcionários públicos municipais frente ao reajuste salarial de 20% proposto pelo Prefeito Municipal. Asseverou que este Legislativo não pode deixar de observar a legislação vigente. O Ver. José Alvarenga avaliou a greve geral ocorrida no país dias 14 e 15 do corrente, cotejando com as informações da CUT e CGT e com as notícias veiculadas na imprensa. Contraditou afirmações de que a greve geral foi exitosa apenas nas cidades em que o PT é governo. Lamentou os fatos que estão ocorrendo em Belo Horizonte, especialmente a ação do governo do PMDB ao usar a força policial contra os grevistas. E declarou que apóia decisão de greve, se for o caso, dos funcionários públicos municipais, na busca da reposição salarial. O Ver. Isaac Ainhorn discorreu sobre contrato firmado entre este Município e a ADVB, resultante do Projeto Praia do Guaíba, o qual prevê a construção de amplo centro cultural nesta cidade, com verbas da Lei Sarney. Denominou negligente e intransigente a atitude da Administração Popular ao impedir essa construção, lembrando que tal atitude não apenas frusta aspiração da comunidade mas fere frontalmente texto de lei. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Luiz Braz criticou a posição do DEMHAB em relação à construção de casas populares. Discorreu sobre os esforços do governo municipal anterior e do governo estadual, através da METROPLAN, no sentido de evitar o crescimento do “cinturão de miséria” na área metropolitana, construindo casas de madeira. Lamentou, cotejando com a ideologia do PT, a posição da Diretora Geral do DEMHAB ao declarar que construir casas de madeira seria oficializar as favelas. Ainda em COMUNICAÇÕES, o Ver. Giovani Gregol reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. Isaac Ainhorn, e definiu como cautelosa e madura a postura do Executivo Municipal ao sustar as obras do Projeto Praia do Guaíba, a fim de reavaliá-lo e discutí-lo junto à comunidade. Declarou ainda que nem os ecologistas, nem a Administração Popular são contrários à cultura, mas que não são favoráveis a entrega de áreas de preservação e de lazer à empresa privada. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Vieira da Cunha relatou audiência com o Sr. Prefeito, a fim de discutir os novos rumos dados aos CIEMs. Reconheceu como radicalismo inconseqüente o que vem ocorrendo na área educacional do Município, especialmente no que se refere à extinção do horário de dois turnos dos CIEMs em áreas em que não se registra a excedência de alunos. Ainda em COMUNICAÇÕES, o Ver. José Valdir reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. Vieira da Cunha, afirmando que não se pode criar três tipos de situação na área educacional: a escola tradicional, a suposta escola ideal e a falta de escola. Discorreu sobre a falta de professores no município e o atraso da contratação por erro na avaliação da prova de títulos, e urgente necessidade de que o Estado tome as providências para a construção de mais escolas no município. E criticou a postura dos empresários, referindo-se à greve geral e à intervenção nos transportes coletivos de Porto Alegre. O Ver. João Motta analisou a greve geral ocorrida dias 14 e 15 do corrente e a situação política atual do país, relacionando aquele fato com o período de oito meses que falta para realização de eleições para presidente. Nominou e criticou candidaturas e apoiou e defendeu a candidatura de Lula para presidente. Declarou que a crise econômica vigente no país é estrutural, que não se deve à questão do funcionalismo e sim ao modelo econômico adotado. Criticou o plano verão e o arrocho salarial decorrente. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Clóvis Brum reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. José Alvarenga, de apoio ao funcionalismo público municipal, ao reajuste de tarifas do transporte coletivo, ao reajuste da tarifa da água, cotejando tais situações com o discurso do PT e a administração que ora pratica. Ratificou, ainda, pedido para que a Administração Popular deixe funcionar os CIEMs, lembrando que tais escolas oferecem uma alternativa de vida. O Ver. Vicente Dutra parabenizou o novo secretariado do governo estadual. Criticou a atuação desse governo, denominando-o de marasmático e contraditório. Abordou a situação do magistério estadual e da área social que vem percebendo salários absolutamente baixos e sofrendo demissões em massa. Comentou notícia do Jornal Correio do Povo acerca do fechamento de entidades destinadas ao atendimento de excepcionais. O Ver. Flávio Koutzii reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. Isaac Ainhorn, criticando a postura de S. Exa. quanto ao Projeto Praia do Guaíba. Denunciou prática irregular no âmbito da Comissão de Justiça e Redação deste Legislativo ao liberar para veiculação a Redação Final do Projeto ITBI sem que esta tivesse sido aprovada. Noticiou e comentou decisão nacional dos parlamentares do PT sobre a destinação das verbas pessoais. Durante este período, o Sr. Presidente respondeu à Questão de Ordem do Ver. Elói Guimarães acerca da denúncia feita pelo Ver. Flávio Koutzii. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente encerrou os trabalhos às dezesseis horas e cinco minutos, e convocou os Srs. Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vers. Lauro Hagemann, Adroaldo Correa, Clóvis Brum e Isaac Ainhorn, e secretariados pelos Vers. Adroaldo Correa e Lauro Hagemann. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Declaro abertos os trabalhos da presente Sessão.

Passa-se às

 

COMUNICAÇÕES

 

Com a palavra, o Ver. Mano José, por cedência de tempo do Ver. Leão de Medeiros.

 

O SR. MANO JOSÉ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, novamente subimos à tribuna desta Casa para fazermos mais uma constatação que lemos hoje em “Zero Hora”. Conforme declarações do titular da 10ª Delegacia, o nosso grande Delegado Newton Müller Rodrigues. Nós aqui temos representantes da polícia e sabemos que a polícia gaúcha, a polícia, especificamente, porto-alegrense é uma excelente representação do que é a polícia nacional. Podemos ver o excelente trabalho que desempenha e temos dois nomes dentro desta Casa que fazem parte desta polícia que tanto nos honra.

Mas vendo, hoje, as declarações do titular da 10ª Delegacia lemos que crime sem autor é difícil de elucidar em qualquer país. Estranhamos muito essa declaração, uma vez que a mesma diz o seguinte: que em tese - isso o nosso delegado coloca à imprensa - em tese, ao ser comunicado de algum fato criminoso a autoridade policial deve instaurar o inquérito policial que tem como finalidade o esclarecimento do fato. Logo a seguir, quando estes pontos estão bem determinados, geralmente não existem maiores problemas e rapidamente o caso é esclarecido.

Sem dúvida nenhuma, reconheço a autoridade de quem dá essas declarações, realmente creio que o Delegado Newton Müller Rodrigues é pessoa idônea, na qual podemos confiar totalmente a matéria, mas não concordamos quando nos é dito que a finalidade é o esclarecimento do fato. E que uma vez conhecidos os fatos poderia ser fechado o inquérito que tem por finalidade o esclarecimento na área judiciária.

Então, vemos que a intenção do inquérito nada mais é do que elucidar o processo judicial. E para nosso desconforto ao ler a matéria, isto ninguém nos conta, porque é caso pessoal meu, pois temos um inquérito a ser fechado na 10ª Delegacia desde o dia 18 de novembro de 1988, sendo que temos os culpados, temos os réus e não sabemos, até mesmo desconhecemos os motivos por que este inquérito não é fechado, não é concluído.

Então, mediante declarações que se lê na “Zero Hora” da polícia porto-alegrense, vemos o titular da 10ª Delegacia dizer que não pode concluir o inquérito, porque muitas vezes se desconhece os culpados. E quando se conhece os culpados, qual seria a explicação?

Eu, como representante legal do povo de Porto Alegre, me permito perguntar, se nós recebemos esse tipo de explicação, começamos a nos indagar como a população de Porto Alegre não tem recebido as suas explicações.

 

O Sr. Cyro Martini: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador que tipo de crime a respeito do qual V. Exª está se reportando?

 

O SR. MANO JOSÉ: Apropriação indébita. O mesmo assunto do qual versa a matéria em “Zero Hora”.

Então nós nos perguntamos mais uma vez, que tipo de inquéritos são esses? Devem ser inquéritos mirabolantes porque não conseguem ir adiante. Infelizmente, nós como Vereadores, temos que começar a fazer nossa reclamatória através desta tribuna, para que as coisas nesta Capital comecem a andar.

Mais uma vez nós ficamos muito curiosos ao ler a matéria de que crime sem autor é difícil elucidar em qualquer país. No nosso País, no nosso Estado, na nossa Cidade não é elucidado, então não sei a que a matéria quer se dirigir, o que ele quer dizer, muito menos o que esse excelente delegado quer dizer com isso.

 

O Sr. Cyro Martini: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Então eu não entendo a manifestação de V. Exª quando trata a polícia de um modo desairoso, entretanto não responsabiliza o autor da matéria.

 

O SR. MANO JOSÉ: Nós aqui não responsabilizamos, nobre Vereador, porque não sabemos qual o motivo que impede o mesmo de mandar o inquérito ao Fórum, que seria a caminhada legal do processo. Agora, não temos conhecimento, já pedimos informações ao delegado, à 10ª Delegacia de Polícia, e não temos informações a respeito. Então, nós subimos aqui simplesmente indagando, fazendo uma pergunta.

 

O Sr. Cyro Martini: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exª não está se referindo à polícia de um modo geral, e, sim, em uma determinada repartição da polícia?

 

O SR. MANO JOSÉ: Nós estamos nos reportando sobre a matéria que diz: “crime sem autor é difícil elucidar em qualquer país”. Agora, quando se tem o autor, quando se tem réu, quando se tem todos os dados também não se elucida, então eu não sei.

 

O Sr. Cyro Martini: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quando se tem os dados também não se elucida, não. V. Exª está tratando especificamente a um caso que deu origem a um feito policial, a respeito do qual V. Exª discorda do andamento dado por uma determinada repartição policial, que está a cargo de uma determinada autoridade policial. Como V. Exª sabe, o Dr. Leão de Medeiros foi ilustre chefe muito querido pela organização policial. Nós temos dentro da nossa Instituição, lá mesmo segmentos capazes de procurar elucidar a respeito das razões do andamento do feito policial.

 

O SR. MANO JOSÉ: Sem dúvida, nós sabemos que existem passos a serem tomados e a serem seguidos. A nossa indagação não é pelo meu inquérito em especial, a minha indagação é como nesta Cidade se lançam matérias desse nível, sendo que não condiz com a realidade porto-alegrense. Então, o que venho trazer a esta tribuna é nossa indagação frente ao assunto.

 

O Sr. Edi Morelli: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Acho que foi muito infeliz o Delegado Müller, quando diz que nenhuma polícia do mundo tem condições de esclarecer crimes com autoria desconhecida. Ele deveria afirmar era que nenhuma polícia do mundo, mal equipada, como a do Rio Grande do Sul tem condições de fazer alguma coisa. Isso é o que ele deveria ter afirmado.

 

O SR. MANO JOSÉ: Aí concordo plenamente com V. Exª. Hoje subimos para demonstrar o nosso espanto. Em primeiro lugar, com esse tipo de problema que afeta tão particularmente o porto-alegrense.

Em segundo lugar, hoje teremos a reunião do Sindicato dos Municipários para decidir sobre o aumento oferecido pelo nosso Prefeito Olívio Dutra. Aqui tenho que chamar o Ver. Clóvis Brum e dizer que realmente como diz uma célebre frase do Ver. José Valdir: nada como um dia após o outro. Na qual temos o nosso Prefeito fazendo o piquete, ou seja, chamando de pelego os funcionários do Banrisul, que nada mais são do que seus ex-colegas, e por que que ele não ficou nas portas da Prefeitura chamando sua assessoria, que trabalhou nos dias 14 e 15, de pelego. Isso é o que me pergunto. Ver. José Valdir, isto realmente me deixa muito intrigado ao ver que o Prefeito chama os funcionários estaduais de pelego e os seus funcionários não os chamou. E, depois, ainda fica dizendo que não sabe se vai abonar o ponto dos funcionários ou não. Creio que o porto-alegrense está vivendo momentos de contradições e contradições. Um Prefeito que vai à porta de um estabelecimento estadual chamar seus funcionários de pelego, deve ser por que está defendendo a reposição de 70%. E, para nosso espanto, mais uma vez, é oferecido aumento de 20%.

Esta Casa não pode conviver com esse tipo de afronta, porque temos a Lei Complementar nº 186 do final da Legislatura passada, na qual reza que não se pode oferecer aumento abaixo dos índices da inflação. Então, temos um Prefeito, um partido como o PT pregando que o povo brasileiro não pode ter reajustes inferiores a 70% e, no entanto, Porto Alegre oferece um reajuste irrisório aos seus funcionários, de 20%.

 

O Sr. Décio Schauren: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) O que o Prefeito Olívio Dutra disse é que os funcionários do Banrisul fizeram uma assembléia, a maioria decidiu por fazer a greve, e ele disse exatamente isso: quem não acatar a maioria é pelego.

 

O SR. MANO JOSÉ: Sim, sem dúvida.

Para concluir, os funcionários municipais também fizeram a sua assembléia, também tiveram a sua decisão e, no entanto, não foram chamados, pelo seu chefe, de pelego. Então, isso me deixa intrigado. E, após passarem os dias 14 e 15 de março, dias de greve nacional, ofereceu 20% de aumento ao funcionalismo. Creio que esta Casa estaria se desmoralizando ao votar ou apreciar qualquer Projeto que venha contra a Lei Complementar nº 186. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. José Alvarenga, que realizou transposição de tempo com o Ver. Lauro Hagemann.

 

O SR. JOSÉ ALVARENGA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, os jornais de todo o País, no dia 15 de março, segundo dia da greve geral, bem como as notícias veiculadas pela televisão, informavam que havia uma greve muito fraca no País, e que a CUT e a CGT iriam, certamente, colher um fracasso imenso, devido a pouca adesão dos trabalhadores à greve geral. Já a partir do dia 16, os jornalistas mais sérios deste País começaram a admitir que houve uma greve geral no País, que foi a primeira grande greve geral no País, e que quem negasse esse fato estaria fechando os olhos e sendo irresponsável, politicamente, porque todas as decisões políticas, a partir daquele movimento de 14 a 15 de março, teriam de levar em conta o grande sucesso que foi a greve geral dos trabalhadores, em março. A avaliação da CUT e da CGT dão conta de uma paralisação em torno de 70%, o que significa mais de trinta e cinco milhões de trabalhadores paralisados. Isso não é qualquer coisa, mas se poderia alegar que a CUT e a CGT estão manipulando os dados, que, na verdade, a greve foi bem inferior.

O fato é que, a partir da greve geral, o Governo Sarney que fez aprovar na Câmara e no Senado as suas Medidas Provisórias que proibiam a reposição salarial, Medida Provisória aprovada pelo PMDB, pelo PFL, pelos Partidos que dão sustentação ao Governo Federal, este mesmo Governo é obrigado a falar, descumprindo a sua Medida Provisória, a falar em reposição salarial para os trabalhadores. Então, esse é o fato inequívoco. Após o reconhecimento por parte do Governo de que há uma perda salarial e que vai fazer uma proposta de reposição salarial fica claro que a greve foi um sucesso e que os trabalhadores, agora, precisam discutir os próximos passos a dar nesta luta.

Eu ouvi o debate na Câmara dos Vereadores e muitos vieram à tribuna e disseram que esta greve era uma greve de protesto, uma greve que tinha por objetivo simplesmente repudiar o arrocho salarial, repudiar o Governo Sarney. A opinião das Centrais Sindicais e a dos trabalhadores, porque essa posição foi aprovada em várias assembléias de categorias importantes, é de que esta greve não era uma greve meramente de protesto. É uma greve reivindicatória, é uma greve por reposição salarial e uma greve que pretende abrir negociação com o Governo e pretende forçar o Governo a apresentar uma proposta de reposição salarial.

Foi uma greve que não só se notabilizou pela grande adesão dos trabalhadores, mas, principalmente, por ter sido uma ação independente dos trabalhadores. Esta greve dos trabalhadores enfrentou todas as classes patronais. Os banqueiros se opuseram à greve, os industriais condenaram a greve e ameaçaram o desconto dos dias parados e a demissão dos funcionários que faltassem ao trabalho nos dias 14 e 15. Os comerciantes protestaram que, além de não poderem abrir as portas do comércio, teriam um tremendo prejuízo, porque as ruas da Cidade estavam vazias. O latifúndio protestou, porque sabe que, no campo, os trabalhadores rurais e os pequenos agricultores aderiram à greve, foram para as cidades, temos diversos casos de bancos fechados, inclusive, pelos agricultores, e os latifundiários sabem muito bem que os trabalhadores do campo e os trabalhadores da cidade, no nosso País, caminham juntos e que a vitória de um desses setores significa o fortalecimento do outro. E a burguesia internacional, como não podia deixar de ser, também protestou contra a greve e apôs resistência à greve convocada pelos trabalhadores.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exª está dando uma aula sobre greve e eu ouço com bastante atenção. Eu perguntaria o que V. Exª aconselha aos municipários que estão sendo fraudados na sua expectativa de aplicação correta da lei já existente e que não deixa dúvida nenhuma.

 

O SR. JOSÉ ALVARENGA: O Vereador sabe muito bem e os nossos colegas municipários, que estão na Casa, também sabem que hoje há uma assembléia dos municipários. Eu acho que, se a categoria julgar que o aumento dado pelo Prefeito é insuficiente, a categoria deve votar a greve, deve paralisar as atividades, lutando pelos seus interesses, e vai ter o apoio deste Vereador que ocupa a tribuna neste momento.

Prosseguindo, também se falou muito sobre o papel dos Prefeitos do PT nesta greve geral. Em primeiro lugar, há uma posição divulgada pela imprensa, que é a de que foi decisivo o apoio dos Prefeitos do PT e, particularmente em Porto Alegre e em São Paulo, uma possível imposição por parte do Prefeito Municipal destas duas cidades do não-funcionamento do transporte coletivo contribuiu para o sucesso da greve. Nós podemos classificar essa posição como ingênua, se não fosse mentirosa, porque, de forma alguma, os trabalhadores que se organizam para uma greve geral já há várias semanas participariam desta greve simplesmente pelo chamado feito pelo Prefeito Olívio Dutra, ou por qualquer outro Prefeito, do PT ou do PDT, que eventualmente apoiasse a greve. A posição que o Prefeito Olívio Dutra teve, foi uma posição absolutamente correta e mais que correta, o Prefeito Olívio Dutra cumpriu com o programa que ele apresentou para a população da Cidade quando era candidato.  Cumpriu com esse programa, porque o PT disse que estaria ao lado dos trabalhadores e ao lado das suas lutas. E o Prefeito Olívio Dutra participou dos piquetes e se o Prefeito Olívio Dutra não chamou de pelego os funcionários do Banrisul e inclusive eu estava neste piquete, de madrugada, quando o Prefeito participava do piquete, digo aos companheiros que eu chamei de pelego os funcionários que furaram a greve, porque houve uma assembléia dos funcionários do Banrisul que votaram a adesão à greve e a força dos trabalhadores está na sua união, na sua unidade. E, os funcionários que furaram a greve estavam enfraquecendo os trabalhadores, fortalecendo os seus inimigos de classe, os patrões e por isso mereceram a chamada de atenção por parte dos seus colegas que estavam arriscando os seus salários e os seus empregos, fazendo aquela greve, reivindicando melhoria salarial para todos os trabalhadores. Cabe uma pergunta: que postura o Prefeito Olívio Dutra vai tomar? Não vai descontar o salário dos funcionários municipais, essa é uma posição já pública do Prefeito, e, nós gostaríamos de perguntar à Presidência da Câmara, que me parece é quem decide sobre o desconto ou não, dos salários dos servidores, se esta Presidência vai seguir o exemplo do Prefeito Olívio Dutra e também vai abonar os dois dias em que os funcionários da Câmara Municipal não trabalharam aderindo à greve geral convocada pela CUT e CGT.

 

O Sr. Airto Ferronato: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) No meu entendimento eu acredito que ao Prefeito não resta outra alternativa senão abonar estas faltas, eis que ele estava conclamando isto. E até uma colocação breve quero fazer, dizendo que há alguns tempos o Sr. Vice-Prefeito Municipal dizia que evidentemente estavam ao lado da greve, mas que os diretores, as chefias da Prefeitura deveriam comparecer ao trabalho. Então, a minha colocação é a seguinte: quer dizer que mudaram os pelegos? Ou seja, nós temos os pelegos do PT que estão lá nos dias da greve porque são da Administração.

 

O SR. JOSÉ ALVARENGA: A minha opinião é que os funcionários, nem todos são do PT.

Queremos fazer uma denúncia muito séria, existe uma greve em Belo Horizonte, numa siderúrgica, na Manesman, os trabalhadores estão reivindicando reposição salarial e estão parados desde o dia 14 passado e ocuparam a fábrica. A polícia militar do Governador Nilton Cardoso, do PMDB, cercou a fábrica. Hoje ainda há um cerco militar na fábrica em Belo Horizonte e o Governador ameaça invadir a fábrica.

Então, com isso queremos denunciar a postura do Governador de Minas Gerais e exigimos a imediata retirada das tropas da Polícia Militar que cercam a fábrica, porque luta de trabalhadores não é caso de polícia. E o Governador Newton Cardoso deve imediatamente retirar as tropas, e os patrões dos companheiros que estão em greve devem repor as perdas salariais dos funcionários da fábrica, que estão em torno de 83%.

Era isso, Sr. Presidente.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Clóvis Brum): O próximo orador inscrito é o Ver. José Valdir, que transpõe o seu tempo com o Ver. João Dib. E este, por sua vez, cede o seu tempo ao Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, minha presença nesta tribuna é para trazer ao conhecimento dos meus pares um fato que julgo extremamente sério e grave, que vem ocorrendo na órbita do Município, na órbita da nossa Cidade.

Vejam V. Exªs, alguns Vereadores inclusive participaram na votação deste Projeto que foi aprovado aqui por esta Casa, um Projeto de Lei, hoje, portanto, Lei Complementar nº 182, que dispõe sobre a urbanização da orla do Guaíba, entre a Usina do Gasômetro e a Ponta do Melo, conhecido como Projeto Praia do Guaíba.

Vejam que da forma como dispõe esta Lei, no seu Art. 4º, fica autorizado o Executivo, para concessão de uso, as áreas EE1, EE2 e assim vai até EE12. Portanto, esta Lei autoriza o Município de Porto Alegre a outorgar estas áreas em concessão de uso. Por sua vez - e é esta a gravidade do fato que vou trazer ao conhecimento de V. Exªs -, o Município de Porto Alegre - e vou descrever os fatos para que fique mais claro -, Lei Complementar nº 182, Projeto Praia do Guaíba, permitiu a concessão de uso, ponto um; ponto dois, em 13 de outubro de 1988, o Município de Porto Alegre celebrou com a ADVB, Associação de Dirigentes de Vendas do Brasil, contrato de concessão de uso de uma área de 28 mil metros quadrados, para que ali fosse construído um centro cultural com 13 mil metros quadrados de construção, cabendo à ADVB a responsabilidade pela urbanização e paisagismo, da parte adjacente, correspondente a 15 mil metros. Para os senhores terem uma idéia, a área que, de uma certa maneira, a teimosia ecológica - eu diria -, impede a construção de um centro cultural é esta que V. Exªs podem ver pelas fotos. (Mostra fotos.) Esta é a área onde deverá ser construído o centro cultural por parte da ADVB, consoante contrato celebrado, de concessão de uso por sessenta anos. Aqui está. Aqui, também, outra parte desta área de preservação ecológica, e aqui a outra área, onde já tem, inclusive, o posseirozinho - modesto, mas tem.

Pois vejam V. Exªs a importância deste espaço cultural para a nossa Cidade. E este contrato de concessão de uso, com base e fundamento em uma lei, que foi firmado em 13 de outubro de 1988, teve seu passo seguinte na aprovação do projeto e licenciamento da obra, Srs. Vereadores. Portanto, a ADVB possui, com o Município, um contrato de concessão de uso de uma área, com fundamento na Lei Complementar nº 182 e que, por outro lado, além deste contrato buscou a aprovação do projeto e licenciamento da obra, que lhe foi deferido em 29 de dezembro de 1988, tendo ela a obrigação de iniciar as obras no prazo de 180 dias.

Vejam V. Exªs que o Centro Cultural da ADVB, que será construído com recursos da Lei Sarney, e aí um detalhe muito importante, em que a comunidade de Porto Alegre corre o risco de perder inclusive os próprios recursos da Lei Sarney. Sabem os senhores que os balanços das empresas são fechados agora em abril, e nas Declarações de Renda devem constar as aplicações relativas à Lei Sarney, e a ADVB possui neste Centro Cultural inclusive registro perante o Ministério da Cultura. E neste Centro Cultural, vejam V. Exªs, que será construído com recursos da Lei Sarney, tem na sua estrutura quatro núcleos básicos. O primeiro um Centro de Ação Cultural, que reúne o Departamento de Relações Internacionais e a Coordenação de Animação Comunitária, com teatro, dois cinemas, café-concerto, bar-restaurante, galeria de exposições, alojamento e instalação de cultura física. Um segundo núcleo, Centro de Artes Plásticas, com oficinas de desenho industrial, pintura, escultura, comunicação, visual e artesanato. Também um terceiro, o Centro de Espetáculos Audiovisuais, com oficinas de teatro, música, cinema, vídeo, fotografia, além de um auditório de mil e duzentos lugares que estaria à disposição do Município, sempre que solicitado para reuniões, cursos, atividades artísticas, culturais e comunitárias. Isso inclusive consta do contrato de permissão de uso celebrado entre o Município e a ADVB, e mais um quarto núcleo onde terá um Centro de Estudo de Preservação do Meio Ambiente, para a alegria dos nossos ecologistas, onde as questões ambientais, considerando o homem, seu ambiente e desenvolvimento serão cientificamente apreciadas. A idéia da ADVB não é apenas transformar o local num verdadeiro cartão postal de Porto Alegre, mas sobretudo o de criar ali o principal pólo cultural do sul do País. A exemplo do Centro Cultural George Pompidou, em Paris.

É uma idéia arrojada? Sim. Nós diríamos que é realmente uma idéia arrojada. É uma idéia que colocaria em termos de espaço cultural o Rio Grande do Sul dotado e possuidor de um dos maiores centros culturais da América Latina, e vejam V. Exªs a importância que tem isso para a nossa Cidade, pobre, e sem recursos do Município, e nem haveria condições de realizar esta obra, não fosse a busca de recursos que serão carreados pela Lei Sarney.

Pois, no entanto, tudo isso, Srs. Vereadores, corre o risco de não acontecer em nossa Cidade; todos estes quatro núcleos, este teatro, este cinema, este centro de audiovisual, este centro de estudo de preservação de meio ambiente, este espaço de debates e discussões num teatro com mil e tantos lugares, tudo isso está fadado a não acontecer em função do quê? Pela intransigência da Administração Popular que assumiu o poder na cidade de Porto Alegre a 1º de janeiro.

A atual Administração entendeu que o referido Projeto não atende mais uma vez os interesses da maioria da população, principalmente das classes mais desassistidas face ao que pretende apresentar projeto alternativo. Ao Executivo não cumpre apresentar projeto alternativo; ao Executivo cumpre cumprir a lei, e a lei está aí, e os contratos que celebrou, se não vai transformar a cidade de Porto Alegre, a população de Porto Alegre sofrendo ônus futuros de indenizações mirabolantes que poderão ocorrer e que serão pagas pelas administrações subseqüentes. A administração de Porto Alegre não é a Administração Popular do Partido dos Trabalhadores, é a administração da cidade de Porto Alegre, é a continuidade da administração anterior e da obediência das leis da nossa Cidade; e com estas medidas judiciais de rever projetos e de interpelações e protestos judiciais visa o quê? Visa exatamente impedir a execução de obras como essa.

A atual Administração, Sr. Presidente, diz que o referido projeto não atende aos interesses da maioria da população, principalmente das classes mais desassistidas, assim como os senhores sabem muito bem, aconteceu com aquele projeto de denominar o arquivo municipal de Porto Alegre, de Arquivo Municipal Moisés Vellinho. Teria que ser consultada a população como se nós Vereadores não tivéssemos autoridade e autonomia de legislar e deliberar sobre tais temas. Pois pretende, agora, nesse lapso de tempo que corre, na perspectiva de apresentar um projeto alternativo, isso significa, também, que esta Casa pode não aceitar o projeto alternativo.

Por outro lado, pretende o quê, a Administração? Que a ADVB abstenha-se pelo tempo necessário de adotar qualquer medida tendente a dar andamento ao Projeto aprovado, a fim de evitar a consumação dos fatos. Evidentemente, já se transformou numa pendenga judicial. O Município entrou com um protesto judicial, Ver. João Dib, por sua vez a ADVB apresentou uma interpelação judicial e, evidentemente, isso vai custar muito caro. A população de Porto Alegre vai deixar de ter esse espaço cultural magnífico que com os recursos da receita ordinária da nossa Cidade jamais teremos condições de erguer em nossa Cidade, espaço esse que será inegavelmente aproveitado pela população da nossa Cidade. E esse populismo, esse “assembleísmo” que pretende a consulta permanente de todos os assuntos ao conjunto da população, como se a população não tivesse os seus dignos representantes! E tenho certeza de que se esta Câmara de Vereadores tivesse mais uma vez que ser consultada sobre o Projeto Praia do Guaíba, sobre se fazer a concessão de uso para a ADVB ou não, tenho certeza de que a Câmara daria o respaldo necessário para que a Cidade ganhasse esse espaço cultural.

Espero, Sr. Presidente, que a Administração Popular se sensibilize, respeitando direitos adquiridos líquidos e certos, e deixe erguer ali o Centro Cultural, como um imperativo de justiça e uma aspiração da comunidade. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PTB. A palavra, com o Ver. Luiz Braz.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, os Prefeitos das regiões metropolitanas, em anos anteriores, se reuniram para estudar os grandes problemas que afetavam essas regiões e que não eram poucos. Nós que vivemos numa Capital tão importante como Porto Alegre sentimos que a cada instante cresce o cinturão de miséria que envolve a nossa Cidade, como também cresce o cinturão de miséria que envolve todas as cidades grandes do nosso Estado. Por isso mesmo, no ano passado, o Governo do Estado, junto com o Governo Municipal, procurou fazer um projeto conjunto e o DEMHAB, na Administração do Prefeito Alceu Collares, juntamente com a Metroplan, do Governo Pedro Simon, reuniram esforços para construir casas que abrigassem aquelas famílias mais pobres que não tinham condições de construir sua casa e de viver de maneira mais decente. Mas, é claro que os recursos que existem a nível do governo federal, estadual e municipal são recursos parcos, insuficientes para se construir grandes casas. Então, resolveu-se construir casas de madeira para abrigar essas famílias que não têm onde morar.

No ano passado este Projeto foi desenvolvido e mais de mil famílias se inscreveram nesse plano cujas áreas estão localizadas no Caminho da Fumaça, na Vila Restinga, Cruzeiro do Sul, Tronco e mais 27 hectares, conforme me informa o Ver. João Dib. Como essas casas não foram feitas, ontem entrei em contato com o Dr. Paim, na Metroplan, para saber o que estava trancando a construção dessas casas populares, e o Dr. Paim me respondeu o seguinte: “Lá na Metroplan estão os recursos para a construção das casas populares, os recursos estão todos ali na Metroplan”. A única coisa que está impedindo a construção é o DEMHAB. O DEMHAB não quer construir as casas, porque este órgão acredita que construir casas de madeira é o mesmo que oficializar as favelas, de acordo com as palavras da diretora do DEMHAB, Srª Lires Marques. Acontece que não oficializa as favelas, mas não oferece também outras soluções. Porque me dizia, numa conversa que tive com aquela Diretora, que não fica assim tão caro porque já foram feitas em outros estados, em outras cidades, casas com aquelas chapas de cimento. Acontece que essas soluções não estão surgindo para o caso de Porto Alegre.

Então, os recursos existem e estão ali na Metroplan; a área existe e está lá na Chácara da Fumaça e em outras regiões, os candidatos a essas casas já estão inscritos para terem onde morar e ao mesmo tempo a solução tem que se esperar, porque o DEMHAB acha que construir casas de madeira é ruim, não se deve construir. Então, não se tem onde morar, as famílias, por decisão do DEMHAB, por decisão ideológica do PT têm que ficar morando na rua, têm que ficar ao abandono completo, ao relento, porque não têm onde morar. Essa é a ideologia do PT.

Mas eu não entendo se é melhor, Ver. Adroaldo Corrêa, se é melhor estar no meio da rua ou morar numa casa de madeira num lote seu destinado num projeto conjunto que foi realizado no Governo passado pelo Governo Estadual e Governo Municipal. Eu não tenho nem por que defender os governos tanto estadual como municipal passados e nem atacar o governo de agora, mas acredito que as atitudes anteriores eram atitudes corretas, embora não resolvessem a totalidade dos problemas, e, a atitude ideológica do PT vem desmentir aquela pregação de que o PT tinha solução para tudo. Parece que não. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O próximo orador é o Ver. Giovani Gregol, que está com a palavra.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o assunto que inicialmente me traria a essa tribuna hoje é um Projeto de Lei que tramita atualmente no Congresso Nacional, de autoria do Deputado Carlos Cardinal, que trata da regulamentação da pesquisa da lavra e recursos minerais nas reservas indígenas, ou nas reservas das nações indígenas brasileiras.

Mas, em função das declarações que foram feitas aqui, hoje, pelo nobre Ver. Isaac Ainhorn, a respeito de questão que diz respeito ao interesse da população dessa Cidade, que diz respeito, inclusive, às lutas e posições assumidas pelos movimentos ecológicos no Rio Grande do Sul e, em especial, em Porto Alegre, eu, que estou inscrito para falar amanhã, usarei esse espaço para o objetivo originalmente pretendido. Enquanto falava o Ver. Isaac Ainhorn, eu prestava atenção, muita atenção nas suas palavras e inclusive me abstive, propositadamente, de aparteá-lo, sabendo que poderíamos continuar esse debate em próximas oportunidades, inclusive neste instante.

Quero dizer que é muito difícil, é quase que impossível entender essa questão colocada, e na forma como foi colocada pelo Ver. Isaac Ainhorn, sem se fazer um histórico, sem se entender a história do malfadado Projeto Praia do Guaíba. Já foi discutido aqui, talvez não com a profundidade necessária, pretendida, mas já foi discutido nesta atual Legislatura. E principalmente já foi polemicamente discutido na Legislatura anterior este Projeto. Do ponto de vista dos ecologistas, entre os quais me incluo, e do ponto de vista dos interesses da comunidade porto-alegrense, qual é, ou qual era a essência do Projeto Praia do Guaíba, dentro do qual se insere a cedência desta área à ADVB? A essência deste Projeto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não é nada mais nada menos que a concessão da área pública destinada, originariamente, para lazer e preservação, à iniciativa privada.

O Projeto Praia do Guaíba era, e ainda é, justificado pelos seus defensores, como uma forma de urbanizar, de reaproveitar, de ocupar melhor uma área bastante privilegiada que existe às margens do Rio Guaíba, somando as áreas dos atuais parques Marinha do Brasil e Harmonia. Mas na realidade nós sabemos que o objetivo principal, o que ele pretendia era a entrega de vários hectares, inicialmente, uma área de 104 hectares, uma segunda versão do projeto, devido à resistência, à discordância de várias entidades organizadas, Movimento em Defesa dos Parques da Cidade, e mais de oitenta entidades da sociedade civil, não só as ecológicas, Instituto dos Arquitetos do Brasil, Sindicato dos Arquitetos do Rio Grande do Sul, FRACAB, UAMPA, mais de oitenta entidades tiveram esta compreensão do projeto, fizeram esta leitura do projeto, podem-se fazer outras leituras, de que na realidade haveria uma concessão, uma cedência da área pública para a iniciativa privada, que lá construiria vários prédios, moradias, ali também estava incluída, nesse mesmo pacote do Projeto, a seção ADVB.

É preciso que aqui se diga, que nós não temos nada contra a cultura, como aqui se deu a entender, nada contra a construção de centros culturais. O que nós questionamos é a forma como se concede área pública, área pública privilegiada, para instituições privadas como a ADVB. Nós temos o maior respeito por essa instituição, nada temos contra ela, ao contrário do que foi aqui mencionado. Por uma questão de princípio nós devemos ter a maior lisura em relação a esse tipo de procedimento. O Executivo Municipal não pode sair concedendo área pública, de preservação e de lazer, a torto e a direito, para quem bem entenda de utilizá-la, mesmo com os mais nobres objetivos. Porque todos querem, se a ADVB quer, outras instituições tão dignas e tão honradas quanto ela também podem querer. De forma, que eu entendo que a Administração nesse caso está agindo da forma mais correta possível, está agindo de forma cautelosa, está comunicando, solicitando para que sustem as obras, para que se conclua a reavaliação final do Projeto Praia do Guaíba, no qual se incluem essas obras aqui pretendidas. De forma que o interesse do Município de Porto Alegre, da municipalidade, o interesse do meio ambiente, porque não, e também do movimento ecológico, porque é possível conciliar tudo isso.

É preciso que se faça um reestudo e uma discussão realmente aberta para tudo isso, não se trata de “assembleismo” Ver. Isaac Ainhorn, aliás me parece uma contradição de V. Exª, porque V. Exª subiu a essa tribuna, quando cumprindo promessa expressa na campanha eleitoral, a Administração Popular fechou a Av. Beira Rio nos domingos, V. Exª foi o primeiro a dizer que isso não poderia ser feito sem consultar a população. E agora V. Exª quer que, para tomar uma medida que não é final, se consulte a população. Naquela feita fechamos a Avenida, porque estávamos escudados em promessas de palanque e desta vez também, Vereador, mais de quinze mil pessoas que participaram do grande evento: abraço ao Rio Guaíba, claramente no manifesto que embasava a manifestação que galvanizou a cidade de Porto Alegre, estava escrito que as pessoas, as comunidades, as entidades envolvidas, mais de oitenta, queriam a reavaliação total do projeto e, inclusive dos seus critérios. É isso que a Prefeitura está fazendo. Nada contra a cultura, ao contrário do que V. Exª quis aqui indicar.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, quando referi a consulta eu disse que o Governo da Frente Popular só consulta a população quando é de seu interesse. No caso do fechamento, se ela adota o critério da consulta, por que não consultou? Agora, quero dizer que se trata de observância de texto de lei e contratos firmados entre a municipalidade e particulares. E, mais, as conseqüências danosas do ponto de vista legal da existência de projeto aprovado e licenciado pela Prefeitura, com direito líquido e certo e o descumprimento por parte do Município, em permitir em ameaças através de interpelações judiciais, do início de obras. Isso é muito grave. De outro lado, lamento, que uma obra desta importância, até poderia se admitir a reabertura do debate do Projeto Praia do Guaíba aqui nesta Casa, se assim entendesse o Executivo Municipal. Mas veja V. Exª, aquilo que já é consagrado, que se tornou direito líquido e certo, que já há aprovação de projeto, licenciamento de obra, aí a Prefeitura se colocar na posição em que está se colocando é ferir texto frontal de lei.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: O Projeto aqui aprovado do Praia do Guaíba, na Legislatura passada, ele mudou o regime urbanístico dessas regiões, permitindo o loteamento e a construção de prédios inclusive para moradias particulares. A execução do Projeto Praia do Guaíba, V. Exª bem sabe, é a permissão, a abertura de licitações, a venda desses terrenos é exclusivamente de alvitre do Executivo Municipal e ele cumprindo suas atribuições resolveu nem vender áreas e nem construir ali espigões, como queria a administração passada, e está questionando, pedindo tempo para avaliar melhor, consultando a população e não se pode fazer plebiscito, Vereador, a todo dia, a toda a semana. A população é consultada inclusive através das suas entidades, como, por exemplo, o Instituto dos Arquitetos do Brasil, o Sindicato dos Arquitetos, e outras entidades, a Agapan, que são, sim, e tenho certeza de que V. Exª não nega, representativas. Também representativas da população e que foram ouvidas e que estão sendo ouvidas.

Nesse sentido, em função da lisura dos nossos métodos de trabalho, de como se concede, na Cidade, terra pública a entidades privadas, é que o Executivo Municipal está agindo desta forma. Aliás, a pedido de dezenas de entidades comunitárias e da sociedade civil organizada do Estado do Rio Grande do Sul e da cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): Para uma Comunicação de Liderança, com a palavra, o Ver. Vieira da Cunha.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tivemos hoje, no final da manhã, uma audiência com o Sr. Prefeito Olívio Dutra a respeito da questão dos Centros Integrados de Educação Municipal em Porto Alegre.

Este Vereador solicitou audiência em nome das comunidades da Zona Norte da cidade e, em especial, das Vilas Elizabete e Ingá, que estão inconformadas com a decisão do Executivo de transformar os CIEMs daquelas localidades de turno integral em dois turnos.

Mas lá acorreram outras lideranças, e é direito daquelas comunidades, de outras regiões da cidade, em especial da grande Cruzeiro, e se estabeleceu um proveitoso debate entre as lideranças, estavam vários Vereadores desta Casa presentes, sobre a necessidade ou não de transformação do CIEM de turno integral em dois turnos. Manifestaram-se os Vereadores, várias Lideranças, a Srª Secretária de Educação e, por fim, o Sr. Prefeito. E eu quero confessar aos meus colegas Vereadores que saí entristecido da reunião pela maneira radical com que a questão foi colocada pelo Sr. Prefeito e pela própria Secretária. Deixou transparecer o Sr. Prefeito que esta decisão é irreversível e a Srª Secretária de Educação chegou ao ponto de dizer que enquanto houver um excedente em Porto Alegre, nenhum CIEM funcionará em turno integral, porque, segundo ela, a questão dos excedentes deve ser vista globalmente. É um verdadeiro absurdo se querer generalizar uma questão que é localizada, regionalizada, que é a questão dos excedentes em Porto Alegre. Até os dados globais são discutíveis. Desde o primeiro momento em que a Administração Popular teima em dizer que há 4 mil excedentes, vários Vereadores desta Casa, inclusive, têm dito que esses dados são altamente discutíveis. A Srª Secretária veio a esta Casa e não conseguiu comprovar estes dados; veio com uma lista de computador de quatro mil e quinhentos nomes, e, naquela oportunidade, já eram três mil, já eram menos mil e oitocentos. Hoje não sei a quantas andam os excedentes em Porto Alegre.

Mas o que é triste é o Sr. Prefeito ouvir diretores, professores, representantes comunitários da Vila Elizabete, da Vila Ingá, dizer, afirmando, que lá não há excedentes, e que lá os CIEMs podem funcionar em turno integral. E o Sr. Prefeito respondeu da mesma maneira que a Srª Secretária, dizendo que, enquanto houver um excedente sequer em Porto Alegre, nenhum CIEM funcionará em turno integral. Por acaso eles pensam que uma criança lá da Restinga, ou lá da Vila Cruzeiro mesmo, pegará dois ônibus e se deslocará até a Ingá ou a Elizabeth para estudar? É um absurdo, é inviável. Se há mesmo excedente – e eu estou dizendo que esses dados são altamente discutíveis – admitindo que haja lá na grande Cruzeiro, excedentes, nós, provisoriamente, até que o Estado ou o Município construa novas escolas – e lá já há projetos e encaminhamentos – nós até poderíamos admitir que, provisoriamente, aquele CIEM, onde houver, comprovadamente, excedentes, funcione em dois turnos.

Agora, não respeitar decisões de comunidades, como a da Vila Elizabete e da Vila Ingá, que estão comprovando, na presença de diretores e professores, que não há excedentes, privar essas comunidades do turno integral no CIEM, em nome de quem? A não ser de um radicalismo inconseqüente é o que nós estamos vendo em Porto Alegre em termos de educação. Não há outra expressão. Estavam lá as comunidades. O Prefeito fala tanto em ouvir as comunidades. Mas não pode só ouvir. Tem que ouvir e respeitar as decisões da comunidade. E aquelas comunidades já se manifestaram e estavam lá na frente do Sr. Prefeito e o que ouviram dele e da Srª Secretária foi um não. E agora ouviram, também, e aí as nossas esperanças, que o Prefeito vai comparecer lá, na Vila Elizabete e na Vila Ingá. Esperamos que vá logo porque lá ele não vai ter só uma comissão representativa, ele vai ter a população inteira daquelas vilas que não se conformam com este retrocesso inaceitável, em termos de educação no Município de Porto Alegre. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Clóvis Brum): Com a palavra, o Ver. José Valdir, do Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu gostaria também de falar aqui sobre a greve geral, mas vou-me limitar a um breve registro porque eu quero falar exatamente sobre esta reunião de hoje, que eu também estive, que de alguma forma o nobre Ver. Vieira da Cunha distorceu aqui da tribuna, como sói acontecer.

Eu gostaria de colocar que estive na greve geral na frente dos piquetes e dizer aqui, como disse a Erundina, ‘sempre estarei’, apesar dos programas de rádio, apesar de malharem por aí, esta é uma postura coerente e gostaria de dizer, respondendo ao Vereador, aqui, que esta, sim, é uma questão ideológica. Quer dizer, a questão ideológica não é saber se a casa do DEMHAB tem que ser de material ou de tábua. A questão ideológica é muito mais profunda, é ser coerente com aquelas bandeiras que a gente defende e estar na frente da batalha.

E gostaria de colocar só um registro sobre a greve geral, que é a incoerência, e não vi nenhum Vereador aqui que ataca o problema da intervenção, nenhum Vereador criticar esta posição, porque é interessante: os empresários usaram dois pesos e duas medidas; quando tinha intervenção, fizeram de tudo para forçar que não saíssem ônibus na rua; fizeram de tudo para que os ônibus não saíssem, porque queriam o locaute, queriam a greve branca. Agora, no dia em que os trabalhadores decretam a greve, eles fazem de tudo para colocar os ônibus na rua, e inclusive pegando carro, e aí falam no direito de quem quer ir ao trabalho, no direito deles; eu vi muitos empresários pegar carro e ir na casa do sujeito, ameaçar o sujeito para ir trabalhar, sob a ameaça, inclusive, da demissão; só que isto não é colocado nos meios de comunicação, não é divulgado, como não foi criticado o Chula, empresário da Cambará, que pegou todos os ônibus e botou a “pastar” lá na fazenda dele. E ninguém denuncia. Agora, cobram da Frente Popular, que a intervenção não deu certo, no entender de determinados Vereadores. Agora, não criticam o locaute, não criticam o lobby dos empresários, que sempre foram tratados a filé mignon, e que agora, pela primeira vez, estão tendo uma Prefeitura que os enfrente. Não têm a coragem de vir aqui, à tribuna, em defesa da população, naquele momento, no momento da greve, colocar a criticar a postura incoerente dos empresários.

Mas sobre o CIEM gostaria de colocar, em primeiro lugar, que não estavam lá, como deu a entender o Líder do PDT, Vereadores representando a Zona Norte, numa única posição fechada, porque nós vimos lá a participação de integrantes do Conselho Popular da Zona Norte, aquele que o Dilamar diz que foi ele que criou, e que não foi ele, foi o movimento que criou, e movimento que é de muitos anos, inclusive o Ver. Luiz Braz participou das lutas históricas que deram origem à criação daquele Conselho. Estava lá o Conselho Popular da Zona Norte, estava lá a Associação da Vila União, com posição completamente diferente. Estava lá, naquela reunião, o Movimento Comunitário com duas posições, mesmo que tenha sido chamado de maneira bastante insistente pelo programa do Sérgio Zambiasi, mobilizando em cima da questão de que nós estávamos querendo desativar o CIEM, que nós estávamos querendo destruir os CIEMs, porque quando se coloca assim para a população, e não se explica, dá a impressão que o Governo da Frente Popular quer passar um trator e destruir os CIEMs. Quando nó tínhamos lá companheiros do Movimento Comunitário da Vila Restinga com posição diferente.

Então, é preciso que se coloque aqui que esta questão não é tranqüila, não é assim como colocou o Líder Vieira da Cunha e gostaria de colocar que de fato não podemos – e o movimento comunitário inclusive está entendendo isso – de maneira nenhuma, defender – já coloquei isso da tribuna, coloquei na reunião de hoje e estou colocando novamente – que se criem no ensino três tipos de situação: daquele que tem a escola tradicional caindo aos pedaços; daquele que tem a suposta escola maravilhosa, vamos admitir que o seja, e a daquele que não tem escola nenhuma. Essa é a questão que está sendo colocada neste exato momento e foi isso que foi colocado, inclusive, pelas lideranças comunitárias que: enquanto não se resolve a questão dos excedentes e eles existem – o Vereador como não mora na região não conhece que as vilas que estão ali ao redor estão com um número muito grande de excedentes. Acontece que a assembléia a que ele se referiu lá na vila foi a assembléia manipulada pela criação da escola apenas com os matriculados, onde quem tinha posição diferente não pôde sequer falar na reunião. Isso Vereador nós vamos comprovar e isso o Olívio comprovou nesta reunião que vai lá discutir com a população e aí vamos poder comprovar, porque para bom entendedor já poderia tirar uma lição do que aconteceu hoje. Mobilizou-se através da imprensa, em cima de uma proposta, em cima de uma propaganda, mobilizou-se, no trabalho “formiguinha”, quem é que era de uma posição e mesmo assim o encontro, hoje, na Prefeitura, revelou-se um encontro que não foi unânime.

Então, saí bastante animado da reunião, primeiro, por entender que o movimento comunitário está começando a discutir esta questão e se posicionando e, segundo, porque o movimento comunitário está disposto, é a convocação que eu faço até aos Vereadores desta Casa, a encarar esta questão da falta de vagas de frente. Inclusive foi colocado lá, e na nossa região estamos fazendo um monumento para ir para cima do Governo do Estado, enfrentar esta questão das vagas normalmente. E também porque saí de lá, embora os Vereadores do PDT não gostem disso, mas saí de lá consciente de que aquilo que nós colocamos na campanha, nós estamos sendo coerentes, e vamos ir até a comunidade discutir essa questão. E eu não sei por que o PDT coloca esse problema, porque na verdade os pais que quiserem, que precisarem, vão ter o atendimento dado pela escola. Agora não será aquele atendimento que o PDT dava através de monitores que os próprios agentes do movimento comunitário, lá, questionaram a qualidade, e isso o Vereador não colocou aqui. Questionaram a qualidade, não sou eu que estou questionando, questionaram a qualidade do serviço que era oferecido dentro do CIEM. E outra coisa: a falta de professores que não falaram aqui. A falta de professores que ficou bem claro que não é culpa nossa, porque fizeram um concurso do PDT e depois fez a classificação, só que foi relatado lá, e eu não vi contestação do PDT, que na prova de título tinha colega professor, com título de mestre, não sei se fora do País, ou aqui dentro, que ganhara zero na prova de título.

Por isso a prova de título teve que ser refeita e é por isso que está atrasando a contratação desses professores, é preciso que se diga, qualquer falta de professor dentro do CIEM, dentro da Escola Municipal é responsabilidade do PDT. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em Comunicações o Ver. João Motta, do PT.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, muitos discorreram já sobre o tema da greve geral e a situação política do País. Mas me parece que vivendo uma conjuntura que nós vivemos, ou seja, oito meses antes das eleições presidenciais, me parece também importante aqui extrairmos a identidade política ou a relação que existe entre este movimento dos trabalhadores, feito nos dias 14 e 15, e este próximo momento que sem dúvida trará modificações substanciais na sociedade brasileira. E se essa demonstração dos trabalhadores foi radical e se não fora como previam os analistas governamentais, ou seja, banhado de sangue ou de atos extremistas, mas se fora da forma como foi feita, de uma forma incisiva e tranqüila, é porque há um sinal novo de fato em cada mobilização de trabalhadores neste País, nesta conjuntura, ou seja, se aproximam de uma compreensão de onde está de fato a raiz de seus problemas, e qual é de fato a causa mais profunda da sua situação de miséria e de desconforto material.

O governo insiste em trabalhar a crise econômica hoje como se fosse meramente fenomênica, e nós insistimos em mais uma vez afirmar e reafirmamos que o governo está equivocado: a crise econômica é estrutural, a crise é do modelo de desenvolvimento econômico no País. O déficit público, por exemplo, não se deve à questão do funcionalismo, mas se deve a essa política econômica adotada onde os incentivos e subsídios gerados e criados com privilégios, acarretam prejuízos, por exemplo, da ordem de mais de 500 milhões de dólares à Cia. Siderúrgica Nacional. Mas se foi uma greve por salários justos e pela dignidade tantas vezes aviltados pelos planos e programas do próprio governo que efetivam e garantem e sustentam os interesses e os lucros dos grandes monopólios e o próprio interesse do capital internacional, não é necessário desconhecer também, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, de que esta política hoje ela é sustentada politicamente pelo PMDB, PFL, PDS, PTB e outros partidos que agora começam a apresentar e a discutir as suas candidaturas.

Enquanto se agigantam as perdas salariais dos trabalhadores, enquanto se diminuem sensivelmente os gastos com questões básicas como investimentos nas áreas da saúde, educação, e saneamento básico, esse governo vem pagando, religiosamente, os juros da dívida externa, que somente no ano passado estima-se atinja 400 bilhões de dólares. O Plano Verão, que impôs mais um arrocho salarial, se apresenta como já sendo face de uma moeda desgastada, fazendo com que até mesmo o próprio governo hoje admita que existam perdas da ordem de 17%, e de outro lado, fazendo com que os próprios setores da economia, como as grandes montadoras, exijam já, hoje, um reajuste de 39% nos preços ou a redução dos impostos.

Se essa greve aconteceu num momento importante, cerca de oito meses antes das eleições presidenciais, nós temos a esperança de que esse momento marque de fato o fim das velhas alternativas naufragadas, no fisiologismo e na corrupção, e os trabalhadores, mais do que nunca organizados, governando, hoje, importantes cidades no País, assumam de fato o desafio de mudar os destinos deste País, fazendo com que fatos como os episódios Chico Mendes, Volta Redonda e Bateau Mouche passem a ser hoje não casos de polícia, mas casos onde se transitam uma preocupação em se construir no País uma nova visão sobre a cidadania e a defesa dos direitos civis. E é impossível separar a intenção da realidade produzida, o discurso da prática. É por isso que os partidos conservadores, mesmo tentando mudar, de todas as formas, de roupagem, serão reconhecidos nesse pleito eleitoral que se aproxima. É impossível separar as propostas políticas da história política, por isso, os trabalhadores já as conhecem, e conhecem também os compromissos que elas embutem e apresentam.

Das candidaturas até agora apresentadas, todas, sem exceção, já se sabe a que vêm. O Dr. Ronaldo Caiado, pouca coisa é preciso dizer; a luta do companheiro Chico Mendes, assassinado pelos fazendeiros da UDR, já é uma síntese por todos aceita das intenções e da prática deste senhor e seus companheiros. Afif Domingues, com um discurso neo-liberal, nem os empresários sensibiliza. De qualquer forma, o seu neo-liberalismo já é conhecido dos trabalhadores e do povo nas votações da Constituinte, onde votou rigorosamente contra os direitos dos trabalhadores. O PMDB se arrasta em busca de um nome competitivo, mas os que dispõe, de Ulisses Guimarães e Orestes Quércia, todos são comprometidos com os descaminhos da Nova República e o Governo Sarney. O PMDB no Rio Grande do Sul fala demagogicamente em romper com o Governo central, o PFL apresenta Aureliano Chaves, um candidato sem nenhuma chance de disputar, um candidato que, junto com Jânio, Passarinho e Maluf, sintetiza o passado que o povo brasileiro insiste em esquecer e enterrar definitivamente. Covas não consegue encobrir o fato de ter ajudado a consolidar esta transição. Saiu do barco tarde demais e reúne-se num Partido cujo projeto político aponta uma saída “liberalizante”, sem ruptura com o modelo pró-monopolista. Brizola já cansou a paciência do povo com seu discurso que mistura o neo-liberalismo com o velho populismo. Socialismo moreno, sim, com capitalismo australiano. Sua performance não irá mascarar o vazio de seu discurso e a vacilação das suas propostas.

Portanto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, uma alternativa, à esquerda e com compromissos populares: a candidatura Lula, uma candidatura que quer representar todo o avanço das lutas do povo, desde o fim das ditaduras, que quer representar o vigor do povo mobilizado e garantir as modificações que interessam a maioria do povo, uma candidatura e um programa comprometido com a Reforma Agrária, com o rompimento dos acordos com o Fundo Monetário Internacional, com a estatização dos bancos, pela democratização efetiva da sociedade e das suas instituições, incluindo as próprias Forças Armadas, pelas reformas radicais que interessam ao povo e que possam modificar as suas vidas.

Por isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nos interessa também extrair esta relação entre a greve geral e este momento político que se avizinha, deixando de uma forma clara e evidente no entendimento de que nesta greve geral, neste movimento nacional dos dias 14 e 15 existe um fermento, o fermento do novo e da busca de um projeto político-alternativo ao País, tão surrado pela truculência, pelo conservadorismo e pela manipulação. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Liderança com o PMDB. A palavra, com o Ver. Clóvis Brum.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, acho que a Casa não se pode dar ao luxo de deixar passar despercebidamente a manifestação de solidariedade à greve dos funcionários municipais, dada desta tribuna, oferecida desta tribuna por um Vereador integrante da Bancada do Partido dos Trabalhadores. Acho que anda muito bem o Ver. José Alvarenga ao afirmar que se houver greve ele estará ao lado dos trabalhadores da Prefeitura. E digo mais, para um Prefeito de Capital como Porto Alegre, que também acredita na greve como instrumento que busca o bem-estar do trabalhador, creio, Sr. Presidente, que a informação trazida pelo Vereador José Alvarenga de que o Prefeito, de madrugada, andava no piquete do Banrisul, não será menos verdade que se eclodir uma greve o Prefeito também estará, de madrugada, ao lado de seus funcionários, fazendo piquete e contrariando os pelegos da Prefeitura. Ah, Sr. Presidente, ah, Srs. Vereadores, a informação é preciosa! Se o Prefeito da Capital andava, de madrugada, fazendo piquete no Banrisul, tenho a certeza de que ele e o Ver. Alvarenga estarão, também, de madrugada, fazendo piquete nas portas da Prefeitura Municipal para fortalecer a greve dos seus funcionários. Isso, Sr. Presidente, deixa-me tranqüilo, faz-me acreditar que, efetivamente, o PT não irá recuar um só milímetro da sua posição política. Agora, evidentemente que com referência às promessas é outra coisa. O transporte coletivo está uma baderna nesta Cidade. Nunca se viu tamanha bagunça. Aumentou-se duas vezes na administração do PT, sim, há dois dias do Prefeito Olívio assumir a Prefeitura o Prefeito Collares banqueteou os empresários com um aumento. O Prefeito Olívio não tornou sem efeito, podia ter baixado um decreto tornando sem efeito e reexaminado e estudado a tarifa. Não o fez, silenciou e consentiu o aumento sim. Primeiro aumento e acatado pelo Prefeito Olívio Dutra 24 horas antes de assumir e, portanto, 24 horas depois de decretado esse aumento quando S. Exª já era Prefeito. O segundo aumento já está em vigor a partir de domingo, e o terceiro vem logo, logo.

O aumento da água em pleno congelamento também é um fato que não dá para acreditar porque há momentos em que a gente tem que parar para terminar com esses discursos que não dizem nada. Por que aumentaram a água? Por que aumentaram o transporte coletivo? Por que querem tirar a comida da boca de inocentes que têm neste sistema integrado de educação, talvez, a sua única refeição no dia-a-dia. Ora, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, não se tira o pão da boca de inocentes, essa história de que tem que examinar porque tem excedentes. Não se mexe em quem está estudando, não se tira a comida da boca de quem está comendo, se resolve o problema de quem está com problema. Se têm alunos sem escolas, tem que se buscar no Estado e no Município. Tem que se viabilizar a escola para quem não tem escola.

Agora, o PT fez um discurso bonito na vila, eu diria até bonitaço, mas na hora de botar em prática foi uma negação. Sr. Presidente, Srs. Vereadores, uma criança estudando numa escola destas de Sistema Integrado o que significa? Significa que esta criança é retirada do meio do tóxico. É retirada do meio da violência. É retirada do meio da miséria. É retirada do meio da fome. Isso é indiscutível. Não há nenhum princípio didático que estabeleça outra regra em contrário. Mas agora, se tira a criança onde se tem comida para jogar-se no meio do marginalismo.

Ora, Sr. Presidente, esse PT vai muito bem assim. Vamos dar resposta. Não vamos mexer no que está funcionando. Não se mexe em time que está ganhando. Realmente acho que não se deve mexer nos CIEMs, deixem funcionar os CIEMs. Está havendo problema de matrícula na Zona Norte, na Zona Sul, na Zona Leste, pois vamos convocar o Governo do Estado e o Município e fazer um mutirão no sentido de viabilizar escola para todos. Mas, por favor não tirem a única refeição que aquelas crianças têm e que comem no CIEM. É ali que eles comem, é ali que passam todo o dia, numa convivência que lhes dá um aprendizado muito bom. Retirar as crianças do CIEM para jogá-las no meio do crime é uma “bela” proposta que o PT faz; concretamente, o PT está fazendo essa proposta. Até prova em contrário o PT fez a proposta de retirar as crianças, de onde comem, de onde estudam para jogá-las no meio do crime. Essa é a proposta oficial do PT nesta Casa. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PDS, Ver. Vicente Dutra.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ontem foram empossados seis novos Secretários ao Governo do Estado. E o Governo do Estado festeja dois anos de governo. Sinceramente, como gaúcho, desejo augurar ao Governo nestes dois anos que lhe falta, bom êxito. Principalmente a dois secretários: a uma Secretária, Mercedes Rodrigues, mulher de coragem, mulher que tem profundo conhecimento da área social, particularmente, desejo a S. Exª que tenha bom êxito numa Secretaria da mais alta relevância no destino deste Estado; a Telmo Magadan, que conheço desde pequeno, fomos colegas de primário, que sei que é um técnico competente, de primeira qualidade. Aos demais desejo bom êxito. Porque, pior que está, não pode ficar, um marasmo total neste Governo, timidez absoluta na defesa dos interesses do nosso Estado, contradições de toda a ordem é a característica deste governo. A maior delas é a que diz respeito ao atendimento das reivindicações do professorado, sabidamente agitados, motivados pelo PMDB quando era oposição.

O PMDB estava lá na praça pública agitando todo o professorado do Estado e do interior, para que esse se insurgisse contra os governos que antecederam o Governo do PMDB na busca de melhores condições. E o professorado votou em peso, eu fui candidato a Deputado Estadual e sentia na carne esse desejo da classe dos professores do Estado, em votar maciçamente em Pedro Simon para o governo do Estado. E diziam isso abertamente nos contatos que nós fazíamos nas escolas e nas duas delegacias que existiam naquela ocasião. E o resultado nós sabemos: a maior greve até hoje registrada pelos professores aqui no Estado, sem que houvessem sido atendidos seus reclames. Provocando aquele desconforto da traição. Quem não sofreu uma traição, de uma amizade, de uma esperança? E como isso dói na alma. E o professor hoje está desalentado, e o pior: transmite essa desesperança ao Rio Grande do Sul, às nossas crianças, o nosso homem de amanhã.

Na área social, que modestamente eu conheço, onde atuei, a área mais fraca desse Estado, sempre foi, mas o Governo Simon calcava a sua plataforma de governo na campanha dizendo que essa área era a prioritária. Que o homem seria a meta principal. Aliás, uma pregação que vinha há vinte anos, na busca constante de assumir um dia o governo do Estado. Mas o que se viu? Demissões em massa nas áreas sociais, salários absolutamente mais baixos que os salários, por exemplo, da área técnica, CEEE, CRT; nós aqui saímos da Câmara de Vereadores e avistamos um edifício pomposo, parece que é mármore que tem ao redor, Sede da Associação dos Funcionários da CRT. Que bom que a CRT tem um edifício. Agora, eu pergunto se tem uma casa de madeira a Associação dos Funcionários da Fundação Gaúcha do Trabalho, etc. A FEBEM ainda tem, porque tem uma área que foi doada. Como é uma área que não pode desligar luz, telefone, não pode pressionar o Governo, então tem salários mais baixos. E têm edifícios pomposos à custa do contribuinte. Não faço aqui uma crítica a esses funcionários. Mas a área social quer atingir esse patamar também, mas precisa de um governo consciente para que haja esta paridade há muito tempo buscada na área social. Que não fique apenas massacrando os funcionários, assistentes sociais, sociólogos que é o que pode promover realmente este País. Tirar os marginais da condição que existe, fazendo com que não precise buscar mais Delegados, Inspetores de Polícia, abrir mais cadeias no momento em que se educa realmente um marginal para que ele não passe a perturbar a população, obrigando a que ela tenha segurança maior.

Qual é a cara deste Governo? A cara deste Governo nós a vemos nessas duas reportagens lamentáveis do “Correio do Povo”. Quinta-feira, 9 de março, poucos dias antes do Governo completar dois anos: “Excepcional é tratado como animal”. É uma manchete que poderia ser passada desapercebida se não fossem mantidas essas duas entidades - Dom Bosco e Padre Paulo de Natal - pelo próprio Governo do Estado. Quer dizer, duas entidades que deveriam ser modelares, elas tratam o excepcional como animal. Essa é a verdadeira cara do Governo do Estado. No dia 16, sexta-feira, um dia após a comemoração do Governo do Estado, o Juiz, Dr. Kramer, manda fechar os dois institutos. Há poucos dias atrás fecharam uma entidade modelar em Taquari. Por quê? Porque havia um probleminha de contrato. Então, simplesmente fecharam.

Então, desejo, como gaúcho, que o Governador do Estado reflita sobre os desacertos desse Governo, sobre esse desalento em que ele jogou a área social e os professores e que faça, pelo menos, nesses dois anos algumas correções para resgatar aquilo que é o mais sagrado que temos, que é a dignidade do povo gaúcho. Se tiver que brigar com o Governo Federal, que brigue, pois tivemos dez anos de uma luta fraticida neste Estado, chamada Guerra dos Farrapos, ficamos em farrapos, mas o Governo da União, o Governo do Império teve que vir aqui e fazer uma paz e foi uma paz honrosa para os gaúchos e nós muito nos orgulhamos disso. Se tivermos que pagar este preço que paguemos. O Governo do Estado ainda tem dois anos para corrigir. Mostre de vez a sua cara e pare de mistificar e de enganar a população rio-grandense com a sua demagogia. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Tempo de Liderança com o Partido dos Trabalhadores. Com a palavra, o Ver. Flávio Koutzii.

 

O SR. FLÁVIO KOUTZII: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar gostaria de sublinhar, apesar da forma cortês com que o Presidente dos trabalhos se dirigiu a mim, eu não gostaria de passar em branco a formidável capacidade que ele tem de defender os interesses empresariais falando em nome de todo o povo.

Gostaria de registrar, também, um fato que me chamou a atenção, que me parece perfeitamente correto dentro do jogo democrático dos setores socialmente organizados. Ontem, eu fui chamado ao telefone por um representante do Sindicato dos Corretores de Imóveis que conversou com várias lideranças durante as preliminares do Projeto do ITBI e ele, construtivamente, além de defender as posições que lhe parecem mais justas, queria me chamar a atenção sobre dois ou três problemas que ele havia verificado no documento prévio da Redação Final, praticamente na redação final do documento que a Comissão de Justiça tinha que elaborar para entregar o Projeto completo, a Lei, para depois ser assinada pelo Sr. Prefeito. E eu fiquei um pouco surpreendido que ele já dispusesse deste documento em mãos, quando, teoricamente, não deveria ter saído do âmbito da Comissão. Ele já sabia, o Sindicato, e o Líder da Bancada do PT não tinha ainda visto esse documento, o que era natural, porque ele estava no seu âmbito correto, no âmbito da Comissão de Justiça. Acho isso sugestivo. Não sei quem passou esse documento para esse representante sindical, mas acho que essa é uma prática incorreta, e que eu vou encaminhar à Presidência da nossa Câmara, Ver. Valdir Fraga, e não sei se isso é ilegal, mas me parece incorreto.

Por fim, queria fazer uma comunicação, aos colegas Vereadores, de uma posição oficial. Nós tivemos, neste fim-de-semana, uma reunião do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, onde, debatendo uma série de questões concernentes aos critérios do PT sobre o trato da coisa pública, se confirmou, de fato, uma posição que já era nossa, mas que se transformou em decisão partidária, no concernente ao tema das subvenções de verbas pessoais e de bolsas de estudos. Parece-me que já há uma matéria nesse sentido no jornal de hoje, é uma matéria nacional, e há uma opinião complementar do Presidente Regional do Partido, Deputado Raul Pont, no sentido de que é decisão nossa não fazer uso das verbas pessoais, não distribuir subvenções, aquelas que são postas à disposição dos Vereadores, e tampouco distribuir bolsas de estudos. Nós mesmos, ao longo de outros debates, dos nossos Deputados, tivemos discussões até complicadas a respeito desse assunto, porque sempre havia uma certa evidência, uma pressão muito forte e concreta de que isso poderia servir para ajudar pessoas que realmente necessitavam. Então, a decisão passa por cima da consideração individual, talvez da necessidade concreta deste ou daquele, para estabelecer um padrão de conduta pública, no sentido de que nós pensamos, independente das boas e más intenções, que o mecanismo privilegiado de utilização destes recursos é um agregado ao poder de ação política de um Vereador e de um Deputado, que pode e é, em muitos casos, feito um registro de utilização política, de acumulação em torno de seus próprios interesses. Queria comunicar essa posição à Casa, porque com esse critério é que nós vamos nos orientar frente aos recursos que estão à nossa disposição nesta Câmara. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES (Questão de Ordem): Sr. Presidente, Srs. Vereadores, no que diz respeito à colocação feita pela Liderança do PT, evidentemente somos tomados de surpresa, eis que só agora acabamos de assinar a Redação Final do Projeto, só agora. Houve uma série de alterações. E por outro lado vamos ver, junto à Comissão, esta colocação que foi feita da tribuna; é estranho, mas só agora, só hoje à tarde, nós estamos fazendo a Redação Final, colhendo as assinaturas.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa acata e recebe a informação formulada em Questão de Ordem pelo Presidente da Comissão de Justiça e Redação desta Casa.

Nada mais havendo a tratar, declaro encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 16h05min.)

 

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